O Nuffield Council on Bioethics (Reino Unido) acaba de divulgar o relatório The role of technology in mental healthcare, sobre o uso de aplicativos e tecnologias remotas na área de saúde mental. O texto discute potenciais benefícios e prejuízos de tais recursos, analisa aspectos sociais e suas implicações éticas.
Embora o uso de tecnologias remotas e de aplicativos relacionados à saúde mental esteja muito mais presente no Reino Unido, contexto de origem do documento, alguns desses recursos são amplamente difundidos no Brasil e outros possivelmente aqui estarão no futuro próximo, estimulando a leitura atenta do mesmo.
O informe cita dezenas de fontes, com links dos documentos, na maioria livremente disponíveis na Internet, facilitando o aprofundamento do tema em aspectos específicos e permitindo a reflexão sobre os temas envolvidos.
Segundo o relatório, as tecnologias emergentes têm o potencial de fornecer suporte à saúde mental de forma flexível e personalizada, reduzir as barreiras ao acesso à saúde mental e oferecer insights sobre a saúde mental e o bem-estar de indivíduos e populações.
Por outro lado, esses avanços tecnológicos levantam preocupações éticas relacionadas à redução do contato pessoal, eficácia, qualidade e segurança do atendimento, exacerbação das desigualdades em saúde, além da privacidade e segurança de dados.
O texto alerta, ainda, que provedores e desenvolvedores de assistência médica devem considerar alguns pontos:
1) Muitas pessoas afetadas por problemas de saúde mental não têm acesso ou relutam em usar tecnologias para a saúde mental. Se estas forem amplamente adotadas no futuro, deve haver possibilidade de escolha (pelo paciente e/ou familiares) quanto ao seu uso, ou não.
2) As soluções tecnológicas não devem desviar recursos de outras formas importantes de assistência e apoio mental, e devem ser usadas como um complemento ao que já está disponível, e não como substituto.
3) São necessárias evidências sobre quais tecnologias são seguras e baseadas em evidências, e quais não são.
Entre os desafios futuros citados, o relatório destaca:
- melhorar a base de evidências para tecnologias de saúde mental;
- garantir estruturas regulatórias apropriadas para ajudar usuários, profissionais de saúde e desenvolvedores a utilizar essas novas ferramentas, e
- envolver usuários em potencial, suas famílias e profissionais de saúde no desenvolvimento e regulamentação da tecnologia direcionada a esses pacientes, especificamente.
The role of technology in mental healthcare está livremente
disponível em PDF: CLIQUE AQUI
Fonte: Nuffield Council of Bioethics