A Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) apoiou e co-organizou, nos dias 5 e 26 de agosto, dois encontros com a Associação de Bioética do Japão (JAB), com transmissão global, para discutir o avanço da bioética e dos direitos humanos com base na Declaração de Helsinque (DoH) - documento que pauta os princípios éticos para a pesquisa médica envolvendo seres humanos.

Representando a SBB, participaram dos painéis os professores doutores Elda Bussinguer, Dirceu Greco, Diego Zanella e Fernando Hellmann. O encontro foi moderado por Chieko Kurihara, membro da JAB. Além do Brasil e do Japão, o webinar também contou com a participação de bioeticistas da África do Sul, Países Baixos e Estados Unidos.

"Esse evento representa um marco na história das parcerias internacionais da Sociedade Brasileira de Bioética. Nele discutimos um dos temas mais relevantes e polêmicos do desenvolvimento científico, qual seja, a ética em pesquisa e as complexas relações e conflitos de interesses que se colocam para pesquisadoras, participantes de pesquisa e para toda a sociedade", conta Elda Bussinguer, presidenta da SBB.

Dirceu Greco iniciou a sua participação ressaltando a importância do fomento de discussões e compartilhamento de experiências sobre a ética na pesquisa envolvendo seres humanos, já que a declaração, que traz tópicos críticos e é utilizada por diversos países, foi elaborada pela Associação Médica Mundial (WMA) há 60 anos, e há um processo de revisão do documento em curso, prevista para ser publicada em outubro deste ano. 

"A ética em pesquisa no Brasil depende da manutenção e do fortalecimento das diretrizes éticas, da oferta de uma educação ética abrangente para os pesquisadores, da garantia de comunicação transparente com os participantes e do investimento em uma infraestrutura de pesquisa robusta, afirma Diego Zanella.

Entre os tópicos críticos ligados à proteção da dignidade e dos direitos dos participantes de pesquisa, estão o envolvimento e proteção de pacientes e comunidade na pesquisa; promoção da inclusão e proteção de pessoas vulneráveis; pesquisa em ambientes de poucos recursos, incluindo situações de desastre; acesso a intervenções comprovadamente eficazes; e a condição de ensaios controlados por placebo quando existe intervenção comprovada.